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Achados e Perdidos

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por Maria Luiza Dias Ballarotti

“Uma vez que um traço é percebido, o investigador se pergunta sobre o que o causou, o que a pessoa que o criou pretendia, qual sequência de eventos levou ao traço.”

Inquiry by Design, John Zeisel

Nos achados e perdidos da rua é possível encontrar de tudo. Os objetos criam uma paisagem curiosa e inusitada, e despertam a curiosidade de quem anda na cidade. Esta exposição é justamente sobre isso:

IMAGINAÇÃO

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o homem do passado,

fotografia feita com Redmi 7,

São José dos Pinhais, Paraná, Brasil

junho de 2020

          Hoje, indo pro ponto de ônibus, me senti nos anos noventa. Um rapaz que corria alguns metros na minha frente deixou cair um disquete da mochila. Fiquei pensando sobre qual o motivo dele ter um negócio desse, mas acabei só chamando o moço e entregando aquele objeto tão inusitado. Por incrível que pareça, o que mais me surpreendeu, na verdade, foi quando ele virou, e eu vi que segurava no ouvido um celular enorme, daqueles de antena comprida, e tinha um discman preso no cinto da calça.

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graça do vento,

fotografia feita com Redmi 7,

São José dos Pinhais, Paraná, Brasil

junho de 2020

         Olhando pra cima, da janela da cozinha, dá pra ver o varal da vizinha do outro andar. O vento é tão engraçadinho que já até soprou panos de prato dela pra dentro do meu apartamento. Uns dias atrás, eu vi que ela pendurou alguns conjuntos de biquínis. Devia ter voltado da praia. Mas o vento é tão engraçadinho que...olha só o que eu achei hoje na calçada!

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na porta da escola,

fotografia feita com Redmi 7,

São José dos Pinhais, Paraná, Brasil

junho de 2020

           Na porta da escola, dá pra encontrar diversas coisas pelo chão. Folhetos, cigarros, papéis de bala, palitos de pirulito. O que é difícil de ver, é um doce assim, inteiro. Mas quando a mãe do garoto chegou, estava com tanta pressa que o colocou no carro e nem viu o pirulito cair. Pena que era justo o pirulito que ele comprou com um trocado achado no bolso da calça, um trocado que ele nem lembrava mais que tinha. Aquele pirulito era, certamente, mais doce que qualquer outro.

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par de pegadas,

fotografia feita com Redmi 7,

São José dos Pinhais, Paraná, Brasil

junho de 2020

        Engraçado como se encontra de tudo na rua. Você pode esperar encontrar folhas e flores que o vento carregou. Embalagens jogadas para fora da lata de lixo. Muitas bitucas de cigarro. Em alguns lugares, também é possível encontrar pegadas. Semana passada, quando enquanto eu caminhava pensando nisso, me deparei com um par de sapatos.

      Era praticamente um par de pegadas tridimensionais, como se tivesse sido deixado ali por alguém que continuou andando, sem interrupções, sem perceber o que tinha ficado para trás. Imediatamente, imaginei um homem de terno, correndo com sua maleta, a gravata voando. Ao sentir que os sapatos ficaram grudados na calçada, simplesmente continuou, sem tempo nem mesmo para entender o que estava acontecendo. Não dava para perder o ônibus, então o jeito foi trabalhar de meias. 

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tempos de pandemia,

fotografia feita com Redmi 7,

São José dos Pinhais, Paraná, Brasil

junho de 2020

       Em tempos de pandemia da COVID-19, alguns acessórios se tornaram essenciais. A máscara, por exemplo, é um dos hábitos que tivemos que criar. Apesar disso, muitas pessoas ainda não se acostumaram com os novos cuidados, ou se recusam a cumpri-los.  

       Encontrei umas cinco máscaras durante minha pequena caminhada pelo bairro, um dia desses. Tinha de tudo, desde modelos descartáveis e até mesmo aquelas feitas com tecidos estampados de bichinhos. Certamente, um novo objeto para compor a seção de achados e perdidos da rua. Eu posso até imaginar como algumas delas foram deixadas para trás... 

       “Coloco assim que chegar no trabalho”, pensou o senhor, depositando a máscara discretamente no bolso de trás da calça. Aí, saiu de casa e bastaram uns 10 passos pra que o acessório caísse sem que seu dono percebesse.  

Obras citadas:

ZEISELJohnInquirbdesignToolfoenvironment behaviouresearchCUarchive1984.

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