


PRAÇA SANTOS DUMONT
A PRAÇA
A Praça Santos Dumont está localizada no encontro entre as Ruas Saldanha Marinho, Ébano Pereira e Cruz Machado, no centro da cidade de Curitiba. O terreno fora doado no início do século XX por Alfredo Romário Martins (1874-1948), notável historiador, jornalista e escritor da cidade. Na época da doação, o local fora batizado como Praça Dr. João Cândido, em homenagem ao Almirante Negro, principal protagonista da Revolta da Chibata que ocorreu no Rio de Janeiro em 1910. No entanto, no dia 1° de Junho de 1933, tendo em vista o decreto de dois anos atrás que “anulava as homenagens prestadas a pessoas vivas na nomenclatura das ruas e logradouros públicos”, a praça passa a ser rebatizada com o nome de Praça Santos Dumont. A escolha do nome do aviador partiu de um apelo feito pelo Aero Clube do Paraná à própria prefeitura, a qual resolveu ceder ao pedido e homenagear o pioneiro da aviação no mundo.
A Praça Santos Dumont é discreta e, por muitas vezes, acaba por ser esquecida devido a sua pequena extensão em comparação às suas semelhantes muito mais populares, presentes no entorno. Porém, ela possui cinco entradas e uma planta baixa assimétrica. Essas entradas formam diversas possibilidades de caminhos que interligam as calçadas ao centro da praça, trazendo a esse espaço público uma sensação de ser apenas um local de passagem para os transeuntes.
AS RUAS

A Rua Saldanha Marinho, que ao longo do século XIX aparece com os nomes de “Beco da Ébano” ou “Rua Botiatuvinha”, começa nos fundos da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, símbolo do marco zero da cidade de Curitiba. Portanto, a rua se conecta diretamente com o início da povoação e ainda guarda muitos vestígios de séculos passados da cidade. Ao longo do século XIX, grande parte da rua passou a abrigar estabelecimentos comerciais, impulsionados pela proximidade do Largo da Ordem, local escolhido pelos tropeiros e outros viajantes para descansar ou fazer negócios. Nesse meio tempo, o perfil se manteve o mesmo, porém a rua não desperta o mesmo interesse que outras ruas ou calçadões do Largo da Ordem ou do Centro Histórico, mesmo que ao longo de seu trajeto ainda se encontrem alguns casarões ou edifícios que nos remetem a história de Curitiba.
A Rua Ébano Pereira também está presente em registros de séculos passados sobre a cidade, com o nome muitas vezes de Rua Botiatuva. A rua que possui uma das extremidades nas Ruínas do São Francisco, no Largo da Ordem, se encontra com a Rua Saldanha Marinho e, logo em frente a Praça Santos Dumont, é marcada por mais um edifício de grande relevância para a história da cidade: a Secretaria de Turismo da Prefeitura Municipal de Curitiba. A presença de grandes árvores tipuanas tombadas confere a essa via pública uma atmosfera de calmaria em meio a uma área central da cidade, nela, ainda, é possível notar o quanto elementos históricos e contemporâneos se fundem e criam uma relação harmônica no espaço urbano. Essa rua é também uma rota de linhas de ônibus locais, tornando a praça um ponto de parada de muitas pessoas que se dirigem à região central da cidade.

A Rua Cruz Machado possui uma atmosfera mais atual e movimentada, conferida principalmente por ser uma importante via de ligação entre os bairros e a região central de Curitiba. Nessa via pública há prédios mais contemporâneos e altos, ruas asfaltadas e uma maior circulação intensa de veículos. Além disso, o que mais se destaca nessa rua são os belos grafites e pinturas nas paredes dos edifícios, conferindo uma ruptura entre os tons sóbrios da praça e do entorno histórico, com as cores e texturas dessas artes urbanas.
CORES E FORMAS
As cores mais evidentes são: cinza, marrom, bege e verde, além do destaque para a cor do céu, que deve estar em um tom de azul ou de cinza.
Agora, com mais cautela, outros detalhes também colorem a praça de forma diferente. As folhas das árvores caídas na grama trazem novos tons de verde e marrom ao piso, assim como as flores amarelas em canteiros isolados que atraem o olhar. Dependendo da estação também, é possível notar flores rosas da paineira coroando a árvore, assim como as caídas enfeitam a grama com tons diferentes daqueles usualmente encontrados nas vias públicas nos espaços urbanos.
Mesmo que fora da praça, as fachadas coloridas em segundo plano, bem como as edificações em tons de amarelo e os grafites coloridos nas ruas ao redor, tornam-se parte da identidade visual da Praça Santos Dumont, colorindo-a e a tecendo de vida.
Ao caminhar pela praça, é interessante atentar seu olhar para o chão. Retângulos, quadrados e círculos: todas essas formas criadas pela presença das tampas dos serviços da infraestrutura urbana transformam a paisagem percebida no piso. Interrompendo sua unidade, as quebras da continuidade na pavimentação se tornam elementos fundamentais de observação para aqueles que querem explorar as diferentes formas que podem surgir no espaço público.
O ENTORNO
Erguido em 1823, o atual edifício da Secretaria da Cultura, fora construído primeiramente para abrigar a Coletoria da Capital, a Repartição de Água e Esgotos, o Instituto Comercial e a Junta Comercial. Em 1854 – logo depois do local também servir como cadeia – por determinação de Zacarias de Góes e Vasconcellos, o edifício daria lugar para o “Liceo de Coritiba”, a primeira sede do Colégio Estadual do Paraná, também nomeado em outras ocasiões de Instituto Paranaense, Gymnasio Paranaense e Colégio Paranaense. O prédio está conectado com outro patrimônio tombado, este com entrada situada na rua de fundos, Alameda Dr. Muricy, a Casa Andrade Muricy. O prédio construído em 1926 leva o nome do escritor e crítico literário e musical José Cândido de Andrade Muricy. Tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, desde 1998 funciona como espaço de exposição das mais variadas artes. Porém, há mais de seis anos o local permanece fechado ao público, por conta de supostas reformas no seu interior.


O edifício da Delegacia do 12° Batalhão da Polícia Militar era a antiga Sinagoga Francisco Frischmann. A construção da Sinagoga neste local foi pensada para simbolizar a presença da comunidade judaica e sua importância histórica em Curitiba. Atualmente a edificação ainda mantém grande parte de sua arquitetura original, porém desempenhando funções de Delegacia desde 2017.
A compra do terreno fora realizada pelo Centro Israelita do Paraná antes da década de 40, uma vez que em 1935 o endereço da Sinagoga já era relacionado com a Rua Saldanha Marinho. Apesar das primeiras comunidades judaicas terem se instalado na região que hoje está localizado o Parque Barigui, a região central aparecia como uma grande oportunidade para estas pessoas que possuíam, dentre as suas principais ocupações, o comércio. Portanto, a região da Rua Saldanha Marinho se transforma em um atrativo para estas comunidades, o que aumenta a concentração de famílias judias na região central no início do século XX. Por conta disto, a escolha do local para a construção da Sinagoga Franscisco Frischmann não foi feita à toa, simbolizando a presença da comunidade judaica e sua importância histórica na cidade.
SONS
Na praça, você provavelmente escutaria dois sons principais. O dos veículos que estão circulando nas ruas, principalmente mais próximo à rua Cruz Machado, além do som dos pássaros que estão nas árvores. É possível ainda escutar pessoas caminhando com pressa, conversas, latidos de cachorros que passeiam com seus donos, ou seja, cada um vivenciando de forma única esse espaço público.
Se você está andando pela praça, escute nosso podcast e siga os pontos marcados no mapa:
Se você está em um passeio online, fique à vontade para ouvir o podcast enquanto explora os ícones no mapa abaixo para continuar a descobrir a Praça Santos Dumont!