PRAÇA EUFRÁSIO CORRÊIA
Fotografias: Equipe do Observatório do Espaço Público.
A PRAÇA
A história da Praça Eufrásio Correia está associada à construção da Estação Ferroviária de Curitiba e da abertura da Travessa Leitner1 – Rua da Liberdade, a partir de 1890, e posteriormente denominada Rua Barão do Rio Branco (1912) – em direção ao terminal ferroviário.
Na segunda metade do século XIX, a pacata e modesta Curitiba de 12.6512 habitantes, vivenciava a ânsia pela modernidade que se materializou através da inauguração, em 05 de fevereiro de 1885, da Estação Ferroviária, inspirada em estilo arquitetônico renascentista. A inauguração da Estação findou o dificultoso transporte, sobretudo da erva-mate,entre Curitiba e o Porto de Paranaguá, até então percorrido por caminhos ainda coloniais como o Itupava ou a Estrada da Graciosa, finalizada em 1873.
Em frente ao terminal ferroviário, o denominado Largo da Estação era um matagal de vegetação baixa, quadro que seria alterado ainda no século XIX. A denominação Praça Eufrásio Correia, foi instaurada em 1888, em homenagem ao parnanguara Manoel Eufrásio Correia, deputado provincial e presidente da Assembleia. Apenas dois meses após a inauguração da Estação de trem, o comerciante Custódio José Martins recebeu da Câmara Municipal, autorização para estabelecer no Largo um quiosque móvel, no qual seriam comercializados itens como: pães, cerveja, refrescos, rapadura, cigarro e charutos.
Além disso, em 1887 os bondes de tração animal foram inaugurados em Curitiba, causando grande arrebatamento entre a população local. Inicialmente, os bondes partiam do Largo da Estação, em direção ao Boulevard 2 de Julho (atual Avenida João Gualberto), conduzindo os passageiros até ao Passeio Público. O funcionamento de bondes em Curitiba perdurou até 1952, quando a última linha em direção ao bairro Portão, foi extinta.
Estação Ferroviária em 1890. Fonte: Blog Turistória.
O espaço da Praça Eufrásio Correia tornou-se também um centro político com a construção da Assembleia Provincial, ao lado oposto da Estação Ferroviária. Ainda, no final do século XIX, imponentes hotéis erigidos na Rua da Liberdade para abrigar viajantes, como o Roma (1889) e o Tassi (1890), além da edificação de sobrados residenciais, destinados à elite de Curitiba, tornaram a Praça um importante espaço de lazer e sociabilidade, no período em questão.
Eufrásio Correa em 1912. Fonte: Blog Turistória.
Em 1903, em função da comemoração dos cinquenta anos da emancipação política do Paraná, a Praça Eufrásio Correia recebeu uma grande exposição de produtos agrícolas e manufaturados produzidos no Estado. Para tanto, a administração pública municipal realizou uma série de reformas no espaço, entre elas o ajardinamento e a instalação de bancos, como declarado na sessão da câmara municipal:
Na praça Eufrásio Correia foi necessário mandar fazer diversos melhoramentos para ser adotada a construção dos pavilhões para a exposição que a Sociedade Estadual de Agricultura inaugurou no dia 19 do corrente em comemoração ao cinqüentenário da emancipação política do Paraná. Com os serviços já realizados, essa praça torna-se um excelente ponto de reunião, e com outros que se irão fazendo, para completar o seu aformoseamento, ficará esta transformada em magnífico logradouro público3
Em função do citado evento, jornalistas de todo o Brasil vieram para Curitiba, entre eles, Tobias Monteiro que registrou, apesar de toda a efervescência de modernização local, a precariedade do serviço público da cidade: "As ruas são largas, muito bem delineadas; mas as lâmpadas de iluminação são fracas e, colocadas de um só lado, deixam o outro na penumbra”.
A exposição ocorrida na Praça Eufrásio Correia, que contou com os mais diversos produtos, adentrou o ano de 1904 e após o seu término, o espaço foi franqueado à população que continuou a frequentá-lo. Segundo relatos da imprensa de 1904, funcionava diariamente um carrossel e um fonógrafo, além da inauguração de um espaço destinado a exposição de cobras e macacos no pavilhão central (BAHLS, 1998). A localização privilegiada da Praça foi, sem dúvidas, determinante para o uso destinado ao lazer e à sociabilidade no período descrito. Usos e apropriações do espaço público que se alteraram profundamente em comparação ao tempo presente.
Posteriormente, na segunda gestão do prefeito Cândido de Abreu (1913-1916), a Praça Eufrásio Correia recebeu reformulações inspiradas no art-nouveau. Consta,desse período, a importação de um chafariz confeccionado na França, a estátua em bronze da ninfa, além de luminárias. Por fim, mas não menos importante, a escultura em bronze do Semeador, realizada pelo artista polonês Zaco Paraná, batizado Jan Zak, oferecida como um presente da colônia polonesa à Curitiba, em função do centenário de Independência em 1922, materializa a figura de um imigrante robusto jogando sementes no solo e mirando o futuro. Embora a escultura não represente as matrizes estéticas paranistas, foi apropriada como representação do movimento (CORRÊA, 2011). Diante da importância material e imaterial que a Praça representa para a capital paranaense, foi tombada em 1986 pelo Patrimônio Cultural do Paraná4.
A Praça Eufrásio Correia, como espaço pertencente à cidade, reúne, contraditoriamente, elementos do passado e do presente. Os quiosques metálicos que comercializavam rapaduras, passarinhos e charutos, há muito não existem mais. A Estação Ferroviária, hoje detém apenas a fachada, assim como o outrora Hotel Tassi. No entanto, a ninfa de bronze e o semeador, estáticos, continuam mirando homens e mulheres a repercutir as mais diversas marcas no espaço. O som do chafariz parece continuar o mesmo, embora abafado pelo ruído dos ônibus biarticulados que riscam o asfalto cronometricamente conduzindo passageiros apressados.
Obra "O semeador". Fonte: Blog Turistória
Eufrásio Correa em 1945. Fonte: Blog Turistória.
PERCEBENDO O ESPAÇO
Fotografias: Equipe do Observatório do Espaço Público.
SENSAÇÕES
Mesmo com todos os seus pontos bem visíveis - por conta da vegetação rasteira ou extremamente alta, e do mobiliário pouco denso, os quais proporcionam uma continuidade aos espaços - a Praça Eufrásio Correia não traz uma sensação de segurança. Nas entradas na praça, são encontrados balizadores, os quais apesar de não serem barreiras físicas que impedem a passagem, são bloqueios subjetivos que não convidam os transeuntes a passaram pelos caminhos. A grande quantia de carros que a contornam, além da pouca existência de comércio, reforçam esse caráter pouco humanizado.
Tem-se a sensação de que a praça não apresenta eixos muito bem demarcados, cada qual levando o transeunte por um passeio lento em caminhos sinuosos que terá como destino um espaço aparentemente aleatório da praça. Até mesmo os bancos parecem seguir essa ideia, por se localizarem em locais mais aleatórios da praça. Por outro lado, quando se começa a analisar com calma seus elementos, é possível de se perceber certa regularidade em alguns pontos, como caminhos demarcados por árvores, o que gera uma sensação de uniformidade.
Fotografia: Equipe do Observatório do Espaço Público.
Fotografia: Equipe do Observatório do Espaço Público.
ODORES
A Praça Eufrásio Correia não apresenta odores muito marcantes, nem mesmo o de poluição que é frequente em muitos outros espaços centrais da cidade.
CORES
As cores na Praça Eufrásio Correia são fortemente neutras, com exceção do verde do piso vegetal e da copa das árvores. Os tons de branco, preto, cinza e bege se misturam nas diferentes pavimentações da praça. As esculturas, mobiliários e tronco das árvores também permanecem nessa paleta amarronzada. Os prédios do entorno não se destacam pela coloração, e a escassez do comércio com suas propagandas coloridas nas ruas que contornam a praça é um dos motivos que levam a esse caráter mais discreto.
TEXTURAS
As texturas presentes na Praça Eufrásio Correia são muito ricas, principalmente em se tratando da pavimentação. Os caminhos do interior da praça compostos por pequenas pedrinhas soltas, em composição com a vegetação rasteira dos grandes canteiros, trazem uma estética bastante orgânica ao piso do local. Em contraste a essa textura mais constante e lisa, o petit-pavet dos limites do espaço junto ao paralelepípedo do entorno da fonte trazem a textura mais granulada ao local. Aqueles que estão imersos na praça, tem seu olhar tomado pelas texturas rugosas dos altos troncos das árvores e pela granulação de suas irregulares copas.
Não há a predominância de grandes prédios do entorno da praça, e consequentemente as grelhas formadas pelas esquadrias ritmadas dessas edificações não é frequente no local. A textura de maior destaque no entono, por conta de sua grande extensão longitudinal, é aquela composta pelas telhas lineares da estação em contraste a circularidade do tudo de ônibus a sua frente.
SONS
Quanto mais imersiva a experiência na Praça Eufrásio Correia, mais se escuta o som dos pássaros cantando nas árvores, da água corrente da fonte e - sutilmente - o barulho dos automóveis, o qual se intensifica mais próximo às periferias do espaço. Entretanto, de uma maneira geral, esses sons presentes na praça misturam-se delicadamente, aparentando estar na mesma intensidade e criando um só barulho.
Fotografia: Equipe do Observatório do Espaço Público.
ARBORIZAÇÃO
Fotografias: Equipe do Observatório do Espaço Público.
Jerivá | Syagrus romanzoffiana
O Jerivá pertence à família Arecaceae e é conhecido por coco-babão, coqueiro-jerivá e baba-de-boi. É nativa do Brasil, ocorre naturalmente entre a Bahia e o Mato Grosso do Sul. Pode atingir entre 10 e 15 metros de altura, com tronco não muito grosso. A floração acontece entre setembro e março, com grande intensidade entre a primavera e o verão. Suas flores são pequenas e brancas, e ficam penduradas pelo topo da árvore. A frutificação acontece durante quase o ano todo, com maior intensidade no inverno - quando pequenas esferas amarelo-alaranjadas aparecem no lugar das flores.
Acácia-mimosa | Acacia podalyriifolia
A Acácia-mimosa é nativa da Austrália. Possui folhas de cor verde claro, aparentemente esbranquiçadas. Durante a primavera, suas flores amarelas – em formato de bolinha – florescem na ponta dos galhos. Elas tem até 6 metros de altura e se encontram em volta dos bancos da Praça.
Cássia | Senna multijuga
A Cássia também é chamada de aleluia, caquera e pau-cigarra. Pertence à família Fabaceae e é encontrada por todo o país. Tem porte médio, com até 10 metros de altura e tronco curto. A copa é arredondada com média de 5 metros de diâmetro. As folhas são compostas, e caem no inverno. Entre dezembro e abril, flores amarelas perfumadas aparecem na extremidade de galhos, e de abril a junho transformam-se em frutos deiscentes em forma de vagem.
Manacá | Tibouchina sellowiana
O Manacá também é conhecido como Quaresmeira, ou Manacá-da-Serra, devido a quantidade de árvores dessa espécie no caminho da Serra do Mar. É nativa do Brasil, do Sudeste ao Sul do País. Pertence à família Melastomataceae, em que as nervuras da folha seguem seu formato. Ela atinge até 6 metros de altura. A floração acontece entre dezembro e maio ou durante o outono e durante esse período as flores que vão desde brancas à roxas, se manifestam.
Fotografia: Alex Rodrigo Brondani.
Fotografia: Benita Ríos González
Fotografia: Barnes Thomas G.
Fotografia: Rubens Teixeira de Queiroz.
ENTORNO IMEDIATO
Clique nas imagens para saber mais sobre cada um dos edifícios que compõem o entorno da praça!
Fotografias: Equipe do Observatório do Espaço Público.
PASSEIO VIRTUAL
Se você está andando pela praça, escute nosso podcast e siga os pontos marcados no mapa:
Se você está em um passeio online, fique à vontade para ouvir o podcast enquanto explora os ícones no mapa abaixo para continuar a descobrir a Praça Eufrásio Corrêia!
Mapa: autoria própria com base em dados do IPPUC
Fotografias: Equipe do Observatório do Espaço Público.
Fotografias
Este material também está contido em um folheto que você pode baixar e imprimir clicando aqui:
Equipe: Alessando Filla Rosaneli, Amanda Machado Neves, Beatriz Fófano Chudzij, Bianca Araújo, Érica Martinelli Victorino, Giulia Vendrami Gomes, Isabela Ventura de Camargo, Janelize Marcelle Diok Rodrigues, Maria Luiza Ballarotti, Mario Pavanelli, Núbia Parol