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RUA COMENDADOR ARAÚJO

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Fotografias: Equipe do Observatório do Espaço Público.

A PRAÇA E SUA HISTÓRIA

Na virada do século XIX para o século XX, a praça era popularmente chamada de “Campo do Olho D’água dos Sapos”, devido ao fato de que na época ainda não havia o serviço de distribuição de água encanada na cidade, e existia uma abundante bica no local, onde hoje é a praça, fazendo com que a população fosse buscar água limpa nesta área. De acordo com Cid Destefani, em seu artigo “Velhas Praças Curitibanas”, foi desse olho d’água que o engenheiro Antônio Rebouças executou uma canalização que transportou o líquido até a atual Praça Zacarias, e aí sendo servida a população através das torneiras de um chafariz, inaugurado em 1871. Após a construção da Santa Casa de misericórdia, a praça ficou conhecida como Campo da Cruz das Almas, e neste mesmo período com a instalação do hospital e de um depósito de artigos bélicos, o Campo da Cruz das Almas adquiriu novas obras de urbanismo, e chegou a receber a visita do imperador Dom Pedro II no dia da inauguração da Santa Casa, que durante muitos anos, foi o único hospital de Curitiba.

A primeira construção da Igreja do Senhor Bom Jesus dos Perdões remonta ao ano de 1901. Foi construída em madeira, junto ao Convento dos Franciscanos, mas sua origem data de quinze anos antes, quando Curitiba ainda pertencia ao Bispado de São Paulo. Na paróquia, um dos destaques é o tradicional bolo de Santo Antônio, vendido no mês de junho em comemoração ao dia do santo casamenteiro. Em média, são produzidos 9 mil quilos de bolo, com aproximadamente 12 mil santinhos. O interior da paróquia apresenta vários ornamentos, vitrais personalizados, um grande órgão e vários símbolos religiosos. Há também o Salão Paroquial, algumas outras salas e imagens religiosas no exterior da paróquia. A composição arquitetônica da igreja expressa é neogótica, corrente estilística muito empregada nas edificações religiosas deste período. O neogótico foi trazido da Europa com os demais estilos revividos pelo ecletismo, no final do século XIX. As características deste estilo estão na tendência longilínea das suas paredes, no verticalismo de seus elementos arquitetônicos.

O atual Colégio São José era o quartel militar de referência na cidade. O edifício no qual o antigo Colégio Iguaçu funcionou, serviu como sede para o Hospital Militar durante os últimos anos do século XIX, assim como no local do depósito bélico, passou-se a funcionar o 3º regime de Artilharia, transferido em 1975 para o bairro do Pinheirinho. Era nessa praça que eram realizadas as paradas militares e os desfiles escolares.

Após a queda do império, em 1913, a praça foi intitulada de “Praça da República”, e posteriormente de “Praça Rui Barbosa", como homenagem póstuma ao jurista, diplomata, político e patrono do Senado brasileiro, o baiano Ruy Caetano Barbosa de Oliveira. No início dos anos 1920, a Praça Rui Barbosa tornou-se um dos locais favoritos da cidade para a instalação de exposições, feiras, circos e parques de diversão, e as próprias características físicas da área eram ideias para abrigar este tipo de eventos e tradições de grande porte.

Ao final dos anos 1940 e início dos anos 1950, através de obras de revitalização realizadas pela gestão do então prefeito Ney Braga, o desenho urbano e características originais da praça modificaram-se seguindo as transformações urbanísticas que a cidade passava. Numa dessas obras, a cidade perdeu o teatro de bolso de Curitiba, também conhecido como Teatrinho da Rui Barbosa, que funcionou por quase duas décadas como um dos principais centros culturais da cidade. O teatro de bolso formou vários grandes atores paranaenses como Ari Fontoura, Maurício Távaro, Jane Martins, Sale Wolokita e Odelair Rodrigues. A praça era o polo cultural mais emblemático da década de 1950. As peças faziam temporadas de até oito meses e atraem muito público.O teatro ficava num prédio estilo Art Nouveau, e foi desativado nos anos 1980.

Em meados dos anos 1970, foram construídos o terminal de ônibus e o mercado popular no local, incluindo estacionamentos, salões de convenções, lojas e galerias, que na época foram considerados um dos mais modernos e eficientes da região.

Na mesma época em que a Praça se ampliou e se modernizou, acabou ocorrendo de forma gradual a ocupação de mais de novecentos artesãos e comerciantes informais, que vendiam seus produtos na área. Na mesma época, houve um grande tumulto no local pela presença de ambulantes que ali instalaram suas bancas como se fosse numa autêntica feira ao ar livre. Devido à extrema proximidade com os pontos de ônibus, a praça transformou-se em um local congestionado,cujo fluxo e passagem tornaram-se praticamente intransitáveis pelos usuários do transporte, pelos próprios clientes das feiras de artesanato e pontos de camelôs.  O caos resultante fez com que a Praça Rui Barbosa se tornasse temida pelos pedestres e usuários de ônibus, por conta de oportunistas, moradores de ruas e assaltantes, fato que reflete uma realidade ainda atual da praça.

Fonte: Equipe Observatório do Espaço Público

PERCEBENDO O ESPAÇO